Há uns anos o leitor Alexandre Mandl da empresa Press Consult enviou para mim uma matéria solicitando meus comentários a respeito. Seu título era matéria “Diploma empresarial ainda duplica salários e garante emprego” onde se relatava casos de profissionais que estavam bem colocados no mercado de trabalho por possuírem certificados como o da Cysco, no setor de telecomunicações, e os Lotus Experts, emitidos pela Lotus. Acredito que a reflexão será proveitosa para todos nós.
Na verdade esses não são casos isolados. Há diversos mercados em que profissionais especializados são bastante escassos e aí, em terra de mal formados, quem tem um diploma é rei.
Nos últimos meses selecionei diversos profissionais para clientes da Oliveira Campos Consultoria Empresarial, empresa que dirijo. Entre os selecionados estavam um Gerente Financeiro e um Supervisor de Vendas, respectivamente, para uma empresa de confecção e outra de plásticos.
Aparentemente cargos comuns em empresas também sem muitas peculiaridades, tive bastante dificuldade de conseguir os referidos profissionais, avaliando mais de quinhentos currículos e realizando mais de 40 entrevistas, consumindo meses de trabalho para só então ter êxito em minha procura.
Jerefmy Rifkin, autor do célebre livro O fim dos Empregos, já alertava em 1994 para essa nova realidade, e fazia previsões sobre as novas formas de relação capital-trabalho que estavam por vir. Entre as principais conclusões que apresenta em seu livro, estão:
Nisso, reside boa parte das explicações à matéria que o leitor Alexandre enviou.
Em um passado próximo era comum ouvirmos de profissionais frases como:
“Acabei a faculdade, agora nunca mais sento em um banco de escola”
“Já estudei muito, agora quero é ganhar dinheiro”
“Já tenho formação, agora é só esperar o tempo e ter experiência”
Com o crescente ritmo das mudanças, no entanto, passou a ser vital aos profissionais gerenciar a vida útil dos conhecimentos que adquirem. Isso mesmo, para quem não sabe, a maior parte dos conhecimentos adquiridos hoje provavelmente servirão muito pouco daqui a dois anos. Dependendo do setor, terão pouca utilidade mesmo daqui a um ano e, se forem apenas conhecimentos técnicos, daqui a poucos meses talvez sirvam para se lembrar como as coisas eram feitas “no passado”. A única saída é, sem dúvida, a educação continuada.
É fácil constatar: os profissionais bem colocados no mercado são orientados para a busca constante de conhecimentos sejam estes de formação ou de atualização. Palestras, seminários e workshops, são vistos por esses profissionais como pontos de encontro; livro e revistas, como materiais indispensáveis de trabalho, os cursos de formação, como forma de desaprender o velho e aprender o novo.
O contrário também é válido. Em poucos minutos de conversa, observa-se que boa parte dos profissionais que se apresentam como candidatos às vagas em aberto não têm esse hábito, daí porque acabam tendo dificuldade na hora de uma possível recolocação.
A essa altura talvez o leitor pergunte:
Em artigo publicado na Harvard Business Review intitulado “As habilitações de uma administrador eficiente” (1977) Robert L. Katz propõe que os profissionais devem desenvolver três tipos de habilidades:
Habilidades técnicas, como sugere o nome, são aquelas ligadas à operação do trabalho, por exemplo: realizar um fluxo de caixa, vender, desenvolver um novo lay-out de produção, etc.
Por habilidades humanas, entende-se a capacidade do indivíduo de construir relacionamentos construtivos para si e para outros e, através dele obter melhores resultados.
Finalmente, as habilidades conceituais, referem-se à capacidade do indivíduo de compreender diferentes aspectos de sua atividade a partir de um prisma mais estratégico, integrando aspectos diferentes relacionados ao assunto e tomando decisões de maior impacto e mais longo alcance.
Na verdade, acredito que essas habilidades listadas por Katz são a base das competências para qualquer profissional. São elas que farão com que o profissional consiga fazer o que precisa ser feito, da forma correta, em qualquer posição ou segmento em que esteja atuando.